terça-feira, novembro 28, 2006

EM CONCLUSÃO

Após estes humildes comentários tecidos à volta das chaves já mencionadas podemos concluir que as quatro se interagem numa maneira única de proceder.Não se consegue orientar a nossa vontade-aspiração para as planos mais elevados do Ser sem que tenhamos passado pelo orgulho-diluição, orientado pelo amor-transmutação e sem nenhuma dessas se conseguirá alguma vez ser canal para o poder-simplicidade.
Não é intuito deste texto dar novidades a alguém ou ter a pretensão de dizer como se devem comportar...Nem evangelizar...
Estou apenas a tratar destes assuntos conforme penso sobre eles, pela minha experiência e forma de sentir.
Todos sabemos que para a maioria da humanidade tudo o que trata de religião, maneiras de ser ou de pensar, muitos querem dizer como os outros de devem comportar, ou pensar, mas quase ninguém quer aceitar que lhe seja dito algo sobre esses assuntos. Discute-se, troca-se pontos de vista mas...Mas estaremos sempre a falar de algo que é relativo, que é certo para ti mas não é para mim, que cada pessoa tem a sua verdade que só para ela deve valer, que ninguém indica o caminho a ninguèm, pois todos nascem livres...
Também concordo com tudo isso. A liberdade individual acima de tudo tendo como ponto de partida de que só à nossa consciência devemos explicações...Se para isso tivermos coragem!
Mas...
O que acontece à humanidade se o nosso pensamento não passar disto?
Será que não vemos que por detrás de toda essa independência e quase orgulho está apenas uma força que pretende fazer de cada ser humano uma ilha, fechando-o no seu mar de pensamentos e não aceitando quase nada de ninguèm, apenas porque sente que tem de se afirmar a si próprio e que é independente de todos, relativizando tudo o que é exterior a si?
Será que não notam a extrema separatividade que é inerente a esta maneira de pensar?
A falta de ligações e do sentimento de união com os nossos semelhantes?
Porque será que o homem nunca se sentiu tão só como hoje em dia?
Apesar de todos os meios de comunicação, das leituras, do convívio, das festas, da internet, o ser humano nunca esteve tão sozinho ...
Nunca houve tanta tristeza e solidão nos nossos corações... Parece que milhões e milhões de pessoas caminham juntas, mas tão sozinhas que não se vêm umas às outras, não se ouvem,com os seus corações fechados... Por medo de sofrer... Sempre centralizados no seu ego e, pior que tudo, vendo quase sempre só a sua própria sombra... Nem a sua Luz procuram...
Onde nos leva este caminho?
À grande "independência, afirmação pessoal e relativização de tudo quanto não é meu"? Se assim for não iremos longe!
Haverá sempre quem diga " Mas sempre foi assim, não sou eu que vou mudar as coisas e será sempre assim"...
Mas então caminhamos inevitavelmente para o abismo. E isto não é alarmismo, é a verdade! E tenho que ter a coragem de o dizer! É a verdade para mim e para todos nós!Chega de hipocrisia e de egoísmo disfarçado de evolução.Chega de separatividade e de ilusão acerca da nossa pretensa"autograndeza"! Chega de tanto medo que nos impede verdadeiramente de comunicar com os nossos semelhantes e que nos impede de lançar pontes de Luz de coração a coração!...
Ninguém evolui sózinho... Sem Amor.
Como desconhecemos, tememos e sofremos por esse grande sentimento...
Amor...
Como nos fechamos com medo de o sentir, de o perder, de sofrer...
Depois, arranjamos explicações filosóficas, psicológicas e outras que mais, mascaradas de grande "experiência de vida" para o negarmos.Sim! Para negarmos esse Amor...
Essa Luz em nós.
Como é simples a Vida... Como é simples o Sol que nos ilumina, o Vento que nos acaricia a face, a água que corre no riacho e que nos acalma...Como é simples a maneira como o planeta cuida de nós, dando-nos tudo para a nossa sobrevivência...
Mas como é estúpida a maneira como o homem actua, o castelo negro que construiu à volta da sua existência, complicando tudo e isolando-se de tudo, alimentando-se, quase sempre de tudo o que ele próprio tem de negativo, separando-se dos seus irmãos, agarrando-se a raças, culturas, religiões, filosofias, tradições... Mas que só servem para separar...
Não tenham medo da união! Não temam amar, sentir, ligar!
É de pontes a nível da Alma que o homem precisa e não de castelos de ilusões.
Comecem a sentir que são um com tudo... Com todos!
As alegrias dos vossos irmãos são as vossas e vossas são também as tristezas deles. Não virem a cara para o lado, pois apenas se separam cada vez mais.
Por isso o orgulho tem que ser diluido na fusão com o Todo!
Por isso o Amor vai transmutar toda a vossa negatividade!
Por isso a nossa vontade é aspirar ao serviço e à unidade!
Assim seremos, embora diferentes, todos Um e nos tornaremos dignos de ser um canal par a Luz e Poder e Amor desse mesmo Um.
Ele, o Uno, não está só no meio de nós.
Ele está em nós!
Tenham a coragem de se lembrar e de viver por isso!

quarta-feira, novembro 22, 2006

ORGULHO - DILUIÇÃO


Nesta chave falamos de uma coisa que é a completa antítese da outra. O orgulho representa a concentração de energias que aparece como um dos aspectos mais negativos da personalidade do ser humano. É talvez o que mais alimenta em nós a separatividade, ou seja a ilusão de sermos algo separado dos nossos semelhantes e do universo, sendo uma força que nos dá uma falsa sensação de poder e de autosuficiência, levando-nos a crer que somos o centro do universo ( pelo menos do nosso) e de que não precisamos de ninguém...
Não precisamos da ajuda de ningém, não precisamos que ninguém nos ame e nem precisamos de amar nada nem ninguém. A nossa satisfação é tudo o que nós queremos: Ser obedecidos e satisfeitos.
"Quem são os outros para que eu me importe com eles ou mesmo que ouça o que eles têm para me dizer?...
Quem se julgam eles para não me ouvirem ou não me obedecerem?...
Pensam que eu me importo com eles, mas eles para mim nada representam. A maneira como eu estou melhor é sozinho, pois não preciso de ninguém... Apenas de mim mesmo"
É claro que isto não é novidade para ninguém, mas é bom que encaremos de frente este problema que nos assedia a todos, em maior ou em menor grau.
O sentimento do orgulho é talvez um dos piores assassinos da palavra humanidade e dos sentimnetos a ele associados.
Um casal não se dá bem e não se ama como deve ser, por orgulho e pela falta de coragem e de amor para transmutar (lá está) esse sentimento negativo. Duas pessoas zangadas não fazem as pazes porque o orgulho não as deixa...O medo tolhe-as e o orgulho separa-as.Dois países em guerra e não fazem as pazes devido ao orgulho ( na maioria das vezes) dos seus dirigentes que, devido ao seu orgulho se julgam no direito de brincar com o destino de milhões de pessoas...
O não conseguir mudar de mentalidade, e nem querer, apenas porque sempre se fez assim, não querendo o nosso ego perder os seus suportes e pontos de apoio, o que se traduz no orgulho de não mudarmos de opinião nem abrimos a nossa mente a novas maneiras de estar e de pensar.
Tudo isto são exemplos de manifestação do orgulho.
Mas afinal o que é o orgulho?
Para mim o orgulho é talvez o ponto energético mais concentrado das energias do ego humano que luta pela sua (eterna, pensa ele) sobrevivência. É quase a energia do próprio ego e que, conforme a situação, se manifesta de uma maneira diferente. Pode exteriorizar-se através de ciúme, da raiva ou ira, da inveja, violência física ou mesmo verbal... No fundo são maneiras de defesa do ego humano quando se sente ameaçado no " seu território" e quando sente que perde o domínio do mesmo.
E o que é o domínio do mesmo?
É a personalidade nos seus três níveis principais, a saber: o físico, o emocional e o mental.
Ou seja, o ser humano comum que ainda vive ao sabor das sua emoções, que ainda pouco as controla ( e esse pouco deve-se ao medo da sociedade e não a qualquer sentimento espiritual), sendo na maior parte das vezes por elas controlado.
O ser humano que ainda muito pouco tem a ver com a espiritualidade e que vive o dia a dia centrado no seu próprio umbigo.
Mas o que pensa deste sentimento o aquele que já se preocupa com a espiritualidade e que a tenta viver o melhor que lhe é possível? Como lida ele com este sentimento?
Aqui vamos começar a notar as semelhanças entre esta chave e as anteriores, no que toca ao caminho em direcção à Luz. Nem poderia ser de outra maneira.
Como o orgulho leva a uma total concentração do ego humano em si mesmo, então essa concentração tem forçosamente que começar a ser diluída... Não com "água" mas sim com a Luz e o Amor do nosso coração, quando o nosso caminho interno, espiritualmente falando, nos leva a entregar o nosso ser ao Eterno... A amá-lo cada vez mais acima de todas as coisas, a cumprir a sua vontade, que é sempre a completa antítese da nossa ( personalidade), a querer servir, ajudando aqueles que nos rodeiam e sentindo-se cada vez mais livre e iluminado, quanto mais a sua personalidade é integrada na Luz da sua Alma, transmutando-se nessa autêntica alquimia de Amor e devoção.
Nessa altura tudo o que o ser humano quer é ... nada. Tudo o que ele deseja para si é... nada. O seu orgulho foi algo que se diluiu no contacto com o oceano de Amor e Luz da sua Alma.
O que foi anteriormente já não é e nem poderá mais ser...
É um processo de muita dor e lágrimas, de progressiva renúncia ao seu pequeno centro, a favor da sua verdadeira Identidade e que pode durar várias vidas, mas é o preço dessa diluição, coroado pela alegria e entrega ao Uno e pela progressiva diluição no mesmo, sendo Ele o verdadeiro centro e realização do nosso Ser.
Poderia ser de outra maneira?...
O nosso coração sempre nos indicará este caminho.



terça-feira, novembro 14, 2006

VONTADE - ASPIRAÇÃO


A reflexão acerca desta chave é muito idêntica à da chave anterior. A vontade humana ao serviço da personalidade, como uma força a trabalhar para aumentar a ilusão da separatividade do ser.A vontade relacionada com a ambição o desejo e a satisfação da personalidade que se afunda cada vez mais devido aos seus objectivos e à maneira como usa as suas forças para a satisfação dos mesmos.
No entanto, nos tempos que correm, belos, terríveis e de uma oportunidade única, o ser humano que se encontra no caminho da espiritualidade tem que decidir qual a importância desse caminho na sua vida. Se vai ser um caminho meramente intelectual, em que apenas armazena conhecimento, pouco ou nada pondo em prática e satisfazendo apenas a sua curiosidade, nada realizando pelo seu real avanço interno e nem pelo avanço da humanidade ( pois o nosso progresso interior reflete-se no todo da humanidade uma vez que nos planos internos todos estamos interligados) como consequência dessa mesma inércia e tudo porque o Amor impessoal ainda não despertou no seu coração... ou se, pelo contrário, a espiritualidade para ele já passou a ser o campo mais importante da sua vida, se já aprendeu a viver com esse Amor, nesse Amor e para esse Amor ao Eterno e a toda a criação, e se quer dedicar toda a sua vida a esse caminho, independentemente da vida exterior que tenha.
Quando o ser humano quer percorrer, com todo o seu coração, o caminho da espiritualidade, quando toda a sua vida interior se centra nesse mesmo caminho, muito do seu interior, como personalidade já mudou, e muito ainda vai ter que mudar.
A sua vontade já não é sua, já não lhe pertence, nem ele a quer, separada da vontade Daquele que ele adora no seu coração, Daquela chama de Amor e Luz que aí brilha e que ele sabe ser a Presença do Uno, com o qual ele deve unir a sua consciência.
O ser humano que já atingui este estágio aspira a servir a vontade de Deus, ou seja, a sua vontade é aspirar a cumprir a vontade do Uno, pois ele não consegue estar separado desse mesmo Uno.Já não consegue conceber outro tipo de existência, devotando-se , com todas as suas forças a essa união. E não existe outro modo de proceder neste estado de consciência.
Como nos é dito, de uma forma exemplar, nas "Cartas de Helena Roerich", volume I, da Fundação Cultural Avatar: " E deve-se compreender avidamente estas maravilhosas e profundas palavras do Mestre e lembrá-las constantemente:" Ao cumprir minha Vontade tu me dás a possibilidade de cumprir tua vontade".
Porque quem mais senão o Mestre conhece nossos desejos secretos e aspirações? É purificando-os e cristalizando-os pelo ensinamento dado, isto é, pelo alargamento da nossa consciência, quem, senão Ele, nos dá a possibilidade de concientizá-los?Alguém poderia ser tão tolo ao ponto de arruinar a própria felicidade?
Aspiremos ardentemente ao cumprimento da Vontade que nos salva e nos leva ao predestinado, ao serviço do Bem Geral!
"Quando o pensamento inclui a aspiração ao cumprimento da vontade Superior, uma ligação directa com o Escudo da Vontade Superior se estabelece". Como pode este Escudo nos proteger se, por atitude leviana, só cumprimos parcialmente as indicações, perdendo nossa defesa subconsciente? Portanto, aqueles discípulos que aspiram guardar sagradamente os testamentos e praticam e aplicam as menores indicações, desenvolverão sua criatividade e alargarão sua consciência
"Pode-se alcançar a compreensão do Cosmos sem aspirar à penetração nas esferas superiores?"
A Lei da Vontade Superior é a criadora de todos os actos adequados ao objectivo. Esta Lei satura o espaço e só o cumprimento da Vontade Superior coroa nossos actos. Os executores da Vontade da Hierarquia estão conduzindo à vitória. Portanto, os discípulos devem aplicar as aspirações mais exatas para cumprir a Vontade Superior. Só assim seremos bem sucedidos. Só assim afirmaremos a vitória.
Aceitem de todo o coração tudo o que foi dito anteriormente e apliquem-no ardentemente à via diária".
Serão precisas mais palavras?
O que é a Vontade Superior?
O que é o Bem Geral?
Serão as indicações dadas pelo nosso coração quando jã não pensa mais em si, mas sim em servir a humanidade, o Bem Geral, e este conceito não se discute filosóficamente...sente-se e vive-se no silêncio do nosso coração.Vive-se através do Amor ardente que consome o nosso Ser e sem o qual já não conseguimos viver, na felicidade que sentimos na nossa anulação, descobrindo a cada momento que temos que morrer para vivermos verdadeiramente.
Assim cumprimos a Vontade do Uno e a Ele nos unimos.

terça-feira, novembro 07, 2006

PODER - SIMPLICIDADE


De que poder estamos a falar nesta chave? O sentimento de poder ligado à personalidade nada tem de simples.Não é um poder despretensioso, cristalino e muito menos desapegado. Não é nem nunca pode ser um poder guiado pelo Amor. O Amor dá e a personalidade quer para si tudo o que puder.
Como é que um homem que não é ainda espiritualizado, que não se deixa guiar pelo coração, usa o poder? Infelizmente a história da humanidade está repleta de exemplos do que é o poder usado sem a orientação da Luz do coração. ´Como sabem, é uma força que não conhece limites e que se apresenta de uma forma tirânica e sem qualquer consideração pelo semelhante ou mesmo pela natureza que o rodeia. É uma força que odeia ser desafiada e que, quando isso acontece, responde usualmente de uma forma implacável e esmagadora, na medida que lhe é possível, sendo o homem, por vezes, apenas limitado nessa reacção pelo medo de represálias que daí possam advir.
Como é uma força que trabalha de uma forma centrípeta, ou seja, trabalha só para si, para satisfazer os seus anseios ou necessidades, nada tem a ver com a simplicidade. Toda ele é obscura, usando todos os meios para atingir os seus fins.
Não adianta ao ser humano virar a cara para o lado e fingir que não vê, ou tentar arranjar quaisquer teorias para explicar ou mesmo desculpabilizar esse mesmo poder ao serviço da personalidade. Aí teremos apenas o ego humano a tentar mascarar, servindo-se do intelecto, toda uma forma mais negativa de proceder.
Mas então, como pode o poder ser ligado à simplicidade?
Lembram-se da chave anterior? Sim! É através do Amor, que como sempre aparece como elemento transmutador. O poder só se liga à simplicidade quando o coração do homem desperta para o Amor e para a Luz, ou seja, para a verdadeira espiritualidade. Essa ligação vai, aos poucos, levando o homem ao desapego, não se importando de perder em favor daquilo ou de quem ama. Então, começa a ter em conta o resultado de cada pensamento, palavra ou acto. Tudo para ele começa a contar... a consideração e o respeito pela pessoa que ama , a ternura que sente pelos animais ( seus irmãos), pela natureza que o rodeia (também seus irmãos), no trato com os seus semelhantes, pelos quais começa gradualmente a sentir o Amor impessoal, encarando-os como irmãos, vendo-os mais tarde como uma manifestação Divina ( isto acima de toda e qualquer tradição religiosa) e sentindo o sentimento de unidade para com eles.
Quando o homem atinge esta elevação interior, toda a sua actividade é guiada pelo Amor e Luz que habitam já plenamente no seu coração. Nesse estado, qual o poder que ele quererá ter? Para quê? Ele já nada quer para si, pois vive uma vida de comunhão e entrega à Divindade, procurando cumprir a vontade da mesma que ele ouve no seu coração e tentando da mesma maneira servir os seus semelhantes.
O poder nele não é dele. Nunca o poderá ser. Num ser humano assim, o poder flui como uma força luminosa, cristalina, despretensiosa e gentil.
É um poder que ama e serve. Nada quer para si.
Se forem capazes, peço-vos que tentem sentir esse estado de consciência no vosso coração. Não o imaginem. Sintam-no... na ternura e na comunhão do Amor, do serviço e na alegria de cumprir a Vontade Daquele que brilha nos vossos corações. Nessa alegria quase infantil e pura que tem aquele que se entregou ao Eterno.
Quando assim forem, o Poder em vós será esse Amor, esse calor no coração, essa Luz no olhar essa ... simplicidade.