quarta-feira, agosto 06, 2008

A VIAGEM


Após alguns meses de interregno, torno a sentir novamente o impulso para escrever e comunicar convosco. Se o consigo ou não...



Naquela noite o simples acto de adormecer estava a tornar-se difícil. Interiormente as coisas nem sempre estão como nós gostaríamos, e eu sabia que no dia que passara as coisas não tinham corrido muito bem. Não tinha procedido de modo totalmente correcto, o que por vezes se torna dificil face à maneira como as coisas estão neste momento, no mundo.

Decido optar pelo ficar acordado.

Medito em tudo o que se passou tentando acalmar o meu interior e, no meio de tudo isso começa a surgir a pergunta " Quem sou eu?"

"Quem sou eu"...

A expressão "Eu" suscita as mais variadas sensações e imagens mentais. Desfila todo um rosário de imagens, de conceitos, de conexões entre eles que parecem atravessar o meu eu e algo luta para se manter individualizado do restante... No entanto, essas imagens passam, como estados interiores que se sucedem e a sensação de eu permanece, como que independente delas, dando a ideia de que não pode haver nisturas.

Esta é a minha vida mas este "Eu" que sinto parece não se querer colar a elas.Vive-as, sente-as, sofre ou alegra-se com elas, mas não se identifica. Permanece como algo inantingível, qual espectador, que vive observando mas... que é muito mais do que observa...

Mas então, o que sou "Eu"?

Logo surgem as respostas dadas pela doutrina esotérica antiga de que... e porque... e é isso que eu sou...

No entanto Algo no meu interior observa este diálogo e começo a dar-me conta de que seria melhor estar calado. Enquanto eu falo, Ele ficará calado...

Apercebo-me de que a mente não chega lá.

E fica um vazio inexplicável, mas quente e... amoroso.

Para que Ele, esse "Eu" se manifeste, tenho que me render, entregar... e calar.

Tenho que deixar fluir o amor.

E olhem que não é retórica ou frase feita. Tentem e verão que assim é.

Silêncio!

Como pássaros, alguns pensamentos passam pela mente. Que voem...

Como uma onde Luz sinto no meu coração a pergunta

-"Quem és?"

Não ouvi as palavras mas é como se tivesse ouvido.

Tenho a impressão de adormecer... não sei bem.

De repente a noção de "Eu" fica "reduzida" a Luz e a simples consciência, sem começo nem fim. É Algo grandioso, belo e que me "incandeia" com a sua Luz e Amor.

Então, por palavras insonoras, por Amor, essa Presença responde-me

" Tu és Eu e Eu sou tu

És tu quem se tem afastado de Mim.

És um viajante numa estrada que não tem fim... nem começo.

Tu és para além daquilo que conheces por tempo.

Não és esse corpo que tens hoje, nem os muitos que já tiveste no passado e virás a ter no futuro. Esses são apenas veículos para aprenderes... Para tomares consciência do que és ... e do que "Eu Sou".

Hoje és homem e mulher já foste, amaste, sofreste, foste bom, egoista e até mau, fizeste e fazes o bem e por vezes o mal, mesmo sem o querer.

Erras e acertas. Caminhas até estares para além do certo e do errado, até perceberes que nada disso tu és ... mas sim e só o que "Eu Sou".

"Eu Sou" para lá do que aprendeste como religião, pois todas elas são apenas véus que encobrem a minha face. Terás de te libertar de todas elas para chegar a Mim. Nessa altura a tua religião será o Amor e a União, não consentindo o teu coração em qualquer separatividade.

Serás a Luz que passará de existência em existência numa viagem eterna, cada vez mais brilhante e gloriosa.

Terás mais consciência de ti próprio porque serás cada vez mais como "Eu Sou".

Tu és meu e Eu sou teu."

...